domingo, fevereiro 25, 2007

 

Previdencia e Desenvolvimento

A cabeça do Lula, fruto expresso da emergente classe média operária, é uma salada. Não nos esqueçamos que classe média é a média das classes. No Brasil temos o hábito errado de ver nossa classe média com o padrão da classe média americana. Quem tem o padrão da classe média americana no Brasil é classe alta.

Na sua ascenção social, Lula não é povão há muito tempo, só aprendeu a manipulá-lo com sua demagogia (essa palavra vem do grego e significa "puxação de saco do povo"). Eu poderia ter dito "demagogia barata" para expressar sua simploriedade, mas "barata" é uma coisa que ela não é, ao contrário, criou uma clientela passiva que quer cada vez mais, e a grana corre para o ralo e os bolsos dos intermediários do sistema. "Trabalhar, quanto menos". E a Previdencia, essa acaba de ganhar obrigações "sociais" que a contabilidade desconhece. Não é atoa que está dando um prejuizo de 42 bilhões por ano.

De fato, Lula fez realmente uma tremenda salada de tudo e travou. Os seus planos de desenvolvimento, cinco anos depois, ainda não conseguem ficar de pé. Nem consegue operacionalizar a reforma ministerial, que está demorando não é porque é complicada, mas porque de fato ele não sabe nem o que e nem como fazer. Sendo um pragmático de curto prazo, como são todos os sindicalistas, Lula da Silva foi amadrinhado pelos intelectuais ideológicos e metafisicos com suas visões dialéticas etéreas. E como não entende ser o principal executivo do país, comporta-se como um eterno outsider, se queixando "deles" nos seus improvisados discursos da porta do jatão. "Deles" quem, cara pálida? Quem são "eles", os que "vão culpar o feto"? (esse é mais um construto produzido pela dialética de quem acha que politica é só a arte de enganar e engabelar. De que serve essa frase de efeito, a não ser para isso, driblar a discussão do grave problema da responsabilidade criminal?)

Lula foi levado ao poder porque, como o sistema burocrático-juridico que vive à custa do trabalho de milhões de brasileiros, nunca teve como interesse central a produção da riqueza (e só o trabalho faz isso), mas a sua "distribuição". De um modo ou de outro, a grande maioria dos eleitores foi levada a acreditar que a riqueza brasileira "está na mão de poucos", o que falta é tirar desses poucos e redistribuí-la. Engano patético. A grande riqueza natural brasileira depende de muito trabalho e objetividade, de organização e competencia. O saldo de exportações está sendo feito com produtos primários, minerais e agricolas, que voltam, com valor agregado, para cá, seis ou sete vezes mais caros. Esse absurdo desperdicio está chegando ao ponto, por exemplo, de estar sendo estudado o draw back de café da Alemanha, porque lá o produto final é melhor e mais barato que o duramente produzido aqui debaixo de impostos e extorsões múltiplas.

O monstrengo em que acabou se transformando a justiça trabalhista foi obra de muita gente, gente "engajada", cheia de "ideais" que, em "nome do povo", levou esse tribunal jacobino (e meio de vida para os juridicos estatal e privado) ao ponto de abrigar, anualmente, 2 milhões de ações trabalhistas, enquanto que nos USA esse numero não passou de 75 mil no ultimo ano. Consequencia: os empregadores "formiguinhas" fugiram apavorados, e hoje existem poucas alternativas de emprego formal a não ser em grandes conglomerados, ou nos governos clientelistas. A maioria da prefeituras do Brasil está quebrada não só por roubalheiras expressas, mas por extorsões trabalhistas não defendidas. Mais de 60% das ações trabalhistas são contra o estado. Nisso garanto que Getulio não pensou.

A livre iniciativa está sufocada e qualquer crescimento economico sempre dependeu dela, como está demonstrando clamorosamente a nova China. Não dá para falar em equilibrio da Previdencia sem falar em melhoria das condições do empregador "formiguinha". Mas para contratar e demitir alguém no Brasil é necessário ter uma equipe de bons contadores e advogados, ou o empregador se estrepa com a burocracia e os riscos fiscais-legais. Todo mes tem novidade e as obrigações são cada vez mais complexas. O recolhimento do INSS, por exemplo, tem 4 alíquotas, de 6,75%, 7,75%, 8,75% e 11% (isso mesmo, virgula setenta e cinco). O recolhimento do FGTS, simplesmente 8% do bruto, exige dia a dia uma entrega cada vez maior de documentos cabalisticos, cheios de dados incompreensíveis, através de um utilitário paleolítico da Caixa Economica Federal na Internet. São siglas e expressões herméticas como CAGED, Conectividade Social, RAIS, "Perfil Profissiográfico Previdenciário", CEI, SEFIP, faixas variáveis de Salario Familia, multas sobre saldos desconhecidos, formulários infindáveis de contratação e demissão, enfim, um pesadelo burocrático-jurídico tão denso que espanta qualquer um da intenção verdadeira de produzir e distribuir a renda.

Crescer e desenvolver desse jeito? Esquece.

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