segunda-feira, março 05, 2007

 

Infancia legislativa

Comentário lido alhures:
"Na verdade, as leis brasileiras são o retrato de seus legisladores, coisa de sair correndo com a mão na carteira, é bom alertar."

Faltou acrescentar que o sistema como um todo é o reflexo da burrice, da displicência ou do mau caráter da maioria dos envolvidos com questões jurídicas, legislativas e judiciárias. Infantilmente, os políticos legisladores e os burocratas brasileiros tem a tendência de achar que qualquer problema se resolve com uma lei qualquer, daí a enxurrada de portarias, decretos e leis que entopem a jurisprudência nesses trópicos. Só na parte fiscal foram produzidos mais de 3 milhões de portarias, decretos e leis nos ultimos 20 anos. Ninguém tem a menor condição de conhecê-las todas, incluindo os julgadores.

O resultado é a desmoralização e a incerteza. Nenhum advogado hoje em dia pode assegurar resultado em qualquer processo a qualquer cliente. O nível do juizes, compostos na maioria por moçoilos/as imaturos/as, também leva os julgamentos a condição de simples "achismos" empolados de jargões, sem pé nem cabeça, sem justiça nem direito. Por causa dessa inconsistência crônica, os recursos se sucedem ad eternum, fazendo da década a unidade de tempo de qualquer processo. As tentativas de vincular as decisões do STF às instâncias menores até hoje não resultaram em nada, porque se sabe do pouco preparo da maioria dos julgadores em principio de carreira. Pior que isso, as decisões são tomadas levando em conta aspectos proto ideológicos e românticos, levadas por emoções de momento ou preconceitos de infância.

Um bom exemplo é a concepção das penas e das prisões. Nos EUA se abandonou desde 1980 a idéia de que a pena e a prisão existem para "reeducar", propósito até hoje vigente no campo penal brasileiro. Essa abordagem, de caráter idealista, acaba caindo no campo ideológico e leva ao tratamento preferencial dos condenados, com infinitos direitos, seja de visita íntima e outros, entre os quais, por incrível que pareça, o direito de tentar fugir. Claro que na prática as prisões são um ninho de ratos, mas se o fluxo de verbas existir, por esse tolo viés da reeducação os institutos penais acabam se transformando em internatos cheios de confortos e privilégios.

O paternalismo na administração penitenciária, da mesma forma que na administração pública em geral, dá direitos e mais direitos à "cidadania", sem a devida e necessária cobrança de deveres. Cobrar, só de quem tem. O resultado é o que se vê: as vítimas trabalhando para dar a seus algozes o melhor dos mundos.

Está na hora de uma virada. Prisão existe para castigar, para punir, não para esse eufemismo sueco de "reeducar". Se quiser, prisão serve até para a sociedade se "vingar" das agressões dos marginais. Nisso está até a justificativa da pena de morte. Se não se produzir com eficiência o medo à punição, não se controla o desregramento.

Não é uma questão emocional, politicos e juristas. É uma questão moral. Que os pais tenham o dever e a responsabilidade de educar seus filhos, para que não só nunca precisem ser "reeducados", como também sejam tratados como cidadãos responsáveis por seus atos.

O direito tem de incluir a moral, por mais relacionada com os costumes que ela possa ser. É da moral que vem a justiça dentro da sociedade. Chega de se colocar o direito no pedestal divino, no mundo elísio dos autos, acima do mundo dos humanos.

domingo, fevereiro 25, 2007

 

Previdencia e Desenvolvimento

A cabeça do Lula, fruto expresso da emergente classe média operária, é uma salada. Não nos esqueçamos que classe média é a média das classes. No Brasil temos o hábito errado de ver nossa classe média com o padrão da classe média americana. Quem tem o padrão da classe média americana no Brasil é classe alta.

Na sua ascenção social, Lula não é povão há muito tempo, só aprendeu a manipulá-lo com sua demagogia (essa palavra vem do grego e significa "puxação de saco do povo"). Eu poderia ter dito "demagogia barata" para expressar sua simploriedade, mas "barata" é uma coisa que ela não é, ao contrário, criou uma clientela passiva que quer cada vez mais, e a grana corre para o ralo e os bolsos dos intermediários do sistema. "Trabalhar, quanto menos". E a Previdencia, essa acaba de ganhar obrigações "sociais" que a contabilidade desconhece. Não é atoa que está dando um prejuizo de 42 bilhões por ano.

De fato, Lula fez realmente uma tremenda salada de tudo e travou. Os seus planos de desenvolvimento, cinco anos depois, ainda não conseguem ficar de pé. Nem consegue operacionalizar a reforma ministerial, que está demorando não é porque é complicada, mas porque de fato ele não sabe nem o que e nem como fazer. Sendo um pragmático de curto prazo, como são todos os sindicalistas, Lula da Silva foi amadrinhado pelos intelectuais ideológicos e metafisicos com suas visões dialéticas etéreas. E como não entende ser o principal executivo do país, comporta-se como um eterno outsider, se queixando "deles" nos seus improvisados discursos da porta do jatão. "Deles" quem, cara pálida? Quem são "eles", os que "vão culpar o feto"? (esse é mais um construto produzido pela dialética de quem acha que politica é só a arte de enganar e engabelar. De que serve essa frase de efeito, a não ser para isso, driblar a discussão do grave problema da responsabilidade criminal?)

Lula foi levado ao poder porque, como o sistema burocrático-juridico que vive à custa do trabalho de milhões de brasileiros, nunca teve como interesse central a produção da riqueza (e só o trabalho faz isso), mas a sua "distribuição". De um modo ou de outro, a grande maioria dos eleitores foi levada a acreditar que a riqueza brasileira "está na mão de poucos", o que falta é tirar desses poucos e redistribuí-la. Engano patético. A grande riqueza natural brasileira depende de muito trabalho e objetividade, de organização e competencia. O saldo de exportações está sendo feito com produtos primários, minerais e agricolas, que voltam, com valor agregado, para cá, seis ou sete vezes mais caros. Esse absurdo desperdicio está chegando ao ponto, por exemplo, de estar sendo estudado o draw back de café da Alemanha, porque lá o produto final é melhor e mais barato que o duramente produzido aqui debaixo de impostos e extorsões múltiplas.

O monstrengo em que acabou se transformando a justiça trabalhista foi obra de muita gente, gente "engajada", cheia de "ideais" que, em "nome do povo", levou esse tribunal jacobino (e meio de vida para os juridicos estatal e privado) ao ponto de abrigar, anualmente, 2 milhões de ações trabalhistas, enquanto que nos USA esse numero não passou de 75 mil no ultimo ano. Consequencia: os empregadores "formiguinhas" fugiram apavorados, e hoje existem poucas alternativas de emprego formal a não ser em grandes conglomerados, ou nos governos clientelistas. A maioria da prefeituras do Brasil está quebrada não só por roubalheiras expressas, mas por extorsões trabalhistas não defendidas. Mais de 60% das ações trabalhistas são contra o estado. Nisso garanto que Getulio não pensou.

A livre iniciativa está sufocada e qualquer crescimento economico sempre dependeu dela, como está demonstrando clamorosamente a nova China. Não dá para falar em equilibrio da Previdencia sem falar em melhoria das condições do empregador "formiguinha". Mas para contratar e demitir alguém no Brasil é necessário ter uma equipe de bons contadores e advogados, ou o empregador se estrepa com a burocracia e os riscos fiscais-legais. Todo mes tem novidade e as obrigações são cada vez mais complexas. O recolhimento do INSS, por exemplo, tem 4 alíquotas, de 6,75%, 7,75%, 8,75% e 11% (isso mesmo, virgula setenta e cinco). O recolhimento do FGTS, simplesmente 8% do bruto, exige dia a dia uma entrega cada vez maior de documentos cabalisticos, cheios de dados incompreensíveis, através de um utilitário paleolítico da Caixa Economica Federal na Internet. São siglas e expressões herméticas como CAGED, Conectividade Social, RAIS, "Perfil Profissiográfico Previdenciário", CEI, SEFIP, faixas variáveis de Salario Familia, multas sobre saldos desconhecidos, formulários infindáveis de contratação e demissão, enfim, um pesadelo burocrático-jurídico tão denso que espanta qualquer um da intenção verdadeira de produzir e distribuir a renda.

Crescer e desenvolver desse jeito? Esquece.

terça-feira, janeiro 23, 2007

 

Desopila�o do Max

Desopilação do Max

Uma solução para o fome zero e a inclusão digital é fazer laptop comestível...

Impressionante como esse país é alienado. Ninguém se dá conta de nada, a cena política é só uma performance de tv, enquanto alimentamos os lobos com nossa própria carne. A coisa se resume em catarses de oratória, que foi a unica coisa que El Ogro inovou, com sua conversinha de botequim ao gosto do povo.

Esse "Plano de Aceleração do C rescimento é só uma encenação de mais um "espetáculo de crescimento", ninguém vai mexer em nada para não fazer marola, continuamos descendo o rio com a corte burocrática tomando sol no deck adernado, enquanto nas galés sufocantes as bombas não param, tentando manter a nau à tona.

Não é possível que não enxerguem o que o estado vem fazendo com o país, não é possível que não vejam que quem se diverte é a elite dos ministérios, das repartições, dos foruns, congressos e demais "casas nobres", cujo trabalho é confabular para manter-se melhor, cada vez melhor. E sem produzir um bem que seja. Aos produtores restam as leis absurdas, as extorsões fiscais e trabalhistas, os juros e os custos descontrolados, a insegurança sobre o futuro.

500 bilhões, é o que El Ogro disse que vai "investir" em 4 anos para tirar o país da estagnação. Serão 500 bilhões jogados fora, em programas
sem autosustentação, em roubalheiras, em obras duvidosas como a transposição do SFrancisco, em intermediações e no imenso buraco negro da Previdencia, que em 4 anos vai sugar metade deste total.

Enquanto isso, o mameluco vocifera. Chegaram seus primeiros Sukhois e helicópteros de guerra. Sua truculência virulenta não pára de crescer. A pantomima vai virar tragédia.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

 

Os exageros de opinião no Brasil, ou as sete travas do desenvolvimento.


1.O exagero fiscal.

Na herança monarquista de um tributarismo autoritário, arrecadatório e desligado do interesse social, apenas nos últimos 20 anos foram editadas e promulgados mais de 3 milhões de decretos, portarias e medidas provisórias regulamentando as relações da sociedade produtora com o sistema tributário. A sociedade não tem como lidar com esse absurdo volume de regulamentos, que confunde até mesmo o judiciário. As relações entre a sociedade produtiva e o estado tranformam-se em um emaranhado dominado por poucos, com os fiscais do estado tornando-se agentes de um terror contábil, impondo de forma aleatória os mais vexatórios e penosos calvários a quem quer que se aventure no oficio de produzir e distribuir. A demanda necessária por gente especializada em burocracia é imensa no país, a ponto de unidades produtivas brasileiras exigirem 20 vezes mais contadores e advogados do que similares em outros países para estas funções. As tentativas de simplificação voltam a se autocomplicar ao longo do tempo, tal a visão fiscalizatória exagerada do estado perante a atividade dos cidadãos, o que restringe a livre iniciativa e impede o desenvolvimento econômico.

2.O exagero trabalhista.

Os primeiros sindicatos europeus foram fundados no século XIX e a partir do século XX conseguiram alcançar diversos objetivos, produzindo regulamentos trabalhistas por conta de seu próprio amadurecimento e diálogo com a sociedade. No Brasil, num estado ditatorial, as leis trabalhistas se anteciparam, de forma paternalista (e patronalista), à sindicalização e conscientização dos operários. Montou-se com isso um sistema jurídico próprio que, dizendo atender aos interesses de trabalhadores, preocupa-se mais com sua própria sobrevivência e suas vantagens, chegando a desprezar atos originários dos próprios sindicatos de trabalhadores, como por exemplo a homologação de contratos laborais e acordos intersindicais. Ultimamente, no rastro de um artigo obscuro e indefinido da Constituição de 1988, a JT está entrando na seara da indenização moral, onde os valores são arbitrados subjetivamente, entrando na estratosfera do absurdo, para deleite de advogados e juízes. Separada da justiça comum, a justiça trabalhista brasileira tem mais de 1.200 fóruns próprios e consegue a lamentável proeza de abrigar mais de 2 milhões de ações trabalhistas por ano. O fórum trabalhista central de SP é o maior edifício do mundo dedicado a essa função e também carrega uma triste e recente história da roubalheira de seu presidente, o juiz Nicolau do Santos. Para comparação, os Estados Unidos, cuja justiça trabalhista está abrigada nas varas da justiça comum, tiveram, em 2005, apenas 150 mil processos desta natureza. Como efeito da combinação de uma legislação disparatada e uma jurisprudência tendenciosa, empregar e pagar salários hoje no Brasil tornou-se atividade de alto risco. A defesa, de baixo para cima, dos direitos do trabalhador veio a ser sua própria ameaça de desemprego, pelas distorções no processo de regulação das relações empregador-empregado. O desenvolvimento economico tem aí uma grande trava na desproporcionalidade (e irracionalidade) da aplicação de regulamentos do trabalho.

3.O exagero ambiental.

Calcada nos mais veementes moldes europeus, o exagero ambientalista brasileiro está entranhado nos meios políticos e administrativos e se combinou com o imobilismo, e procura paralisar o desenvolvimento. Para qualquer empreendimento de vulto que se aventure a expor suas metas, desabam exigencias e fiscalizações infernais, dentro de uma intrincada burocracia regulatória, dominada por interesses muito mais corporativos de estado do que propriamente ambientais. Não havendo o estudo particularizado, mas normas genéricas não aplicáveis à especificidade de cada caso, muitas usinas hidrelétricas, por exemplo, encontram-se prontas e sem utilização por essa simples falta de critério, ambiental ou social, seja para seu projeto seja para sua execução ou funcionamento, num jogo dialético onde acabam se tornando muito mais importantes moitas de árvores perecíveis ou minúsculos nichos ecológicos do que qualquer perspectiva de desenvolvimento, trabalho e emprego gerados pelos benefícios destas usinas. E assim se bloqueiam a maioria dos projetos de desenvolvimento, posto que este jamais será um jogo de soma zero, pois para que a sociedade humana cresça e se desenvolva, sem dúvida a natureza deverá ser moldada e transformada, óbviamente que com critérios sensatos. Não há alternativa, se a sociedade desejar crescer e se desenvolver. É uma questão de administração de bom senso, ainda não percebido pelo primarismo fanático com este assunto é tratado.

4.O exagero da reforma agrária.

O Brasil tem 960 milhões de hectares, onde existem quase 60 milhões de hectares de terras cultivadas com agricultura e mais de 120 milhões de hectares de pastagens naturais e cultivadas. A população brasileira ainda não atingiu 200 milhões de habitantes (em comparação, a China tem uma população de 1.2 bilhões, numa área util agrícola menor). Em nome de uma redistribuição fundiária visando a produtividade da terra e sua "função social", já foram desapropriados mais de 50 milhões de hectares de solo e distribuídos a cerca de 4 milhões de pessoas, num país onde a maior parte da população já é urbana. Essa área é maior que o Paraguai, ou maior que Inglaterra e a Itália somadas. No entanto, a produtividade desta terra distribuída, já no trigésimo aniversário da lei que regulamenta o uso do solo agrícola, é, na média geral, menor que os índices usados para obtê-las. Esses assim denominados assentamentos demandam recursos infindáveis, canalizados da sociedade para grupos de pressão por órgãos de visão ideológica e dominados por interesses polítiqueiros. Os pedidos de prestação de contas são ignorados, o custo para a sociedade cresce sem parar e os produtores reais se vêem ameaçados por bandos de marginais arrebanhados nas cidades e sem nenhum objetivo a não ser a predação, a intimidação e chantagem da sociedade trabalhadora e pacata.

5.O exagero da questão indígena.

O Brasil tem cerca de 400 mil descendentes dos índios originais. Como resultado de uma pressão internacional de origem duvidosa, empreendida por cantores de musica popular procurando autopromoção em seus países,
acabaram sendo reservados 25% do território nacional (240 milhões de hectares) para essa população, dentro de áreas controladas por institutos oficiais, que partem do pressuposto que o índio tem de ser tutelado, pois é de plano considerado incapaz de alcançar maioridade social e cultural. À parte o fato de que cada índio hoje dispõe de 400 hectares (4 milhões de m2) para viver como seus antepassados, nenhum deles quer esse tipo de vida, preferindo crescer, enriquecer e desfrutar da vida moderna. De fato, o "índio" é apenas uma figura simbólica criada e mantida para interpor o interesse das agencias oficiais ou não governamentais perante os interesses da sociedade, bloqueando projetos de desenvolvimento e exploração, impedindo construção de rodovias, ferrovias e similares, impossibilitando a exploração racional até pelos próprios índios, que a acabam fazendo-a, ilegalmente.

6.O exagero cultural-histórico.

Repetindo ad nauseam o chavão da "falta de memória do brasileiro", foram criadas, de cima para baixo, leis de proteção de um assim julgado patrimônio histórico-cultural brasileiro. Infelizmente estas leis se tornaram o ponto de apoio das alavancas de grupos de intelectuais visando só poder e influencia, e terminam por simplesmente amarrar o desenvolvimento. O passado se coloca à frente do futuro, impedindo-o. Por exemplo, a lei estadual de SP que obriga qualquer interessado em construir a consultar o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico) toda vez que o terreno que quiser edificar estiver num raio de 100 m de um ponto considerado "patrimônio histórico". Ora, o centro de SP foi totalmente tomado por esses pontos (escolhidos autoritariamente por uma auto denominada elite) e NENHUMA obra pode ser executada sem a complexa e demorada aprovação do Condephaat. Note-se que boa parte dos edifícios considerados "históricos" não tem nenhuma importância como tal (muitos são apenas cortiços em zonas de transição) e sua escolha como marco histórico não leva em conta nenhum dos outros interesses da sociedade, mas apenas os interesses de grupos procurando influencia e poder.

7.O exagero dos direitos humanos.

O movimento dos direitos humanos, de recente inspiração européia, é geralmente usado no Brasil como plataforma promocional de indivíduos e grupos em busca de influencia. Explorando a mídia e o sentimentalismo popular, acabam conseguindo hoje muito mais espaço em prol dos transgressores da lei do que em prol de suas vítimas. Transformando o agressor em vítima e a vítima em agressor, esse movimento chega a apontar o castigo penitenciário como uma violação aos direitos humanos (existe até a tese jurídica de que o condenado preso tem “direito” a fugir), confundindo justiça com “vingança” e amenizando a punição ou mesmo a eliminando de vez, o que acaba por tornar o crime ação justificada, que o incentiva em vez de coibir. O sistema jurídico, pressionado e impressionado com estas “atitudes humanistas”, facilita a impunidade e, em nome de superpopulação penitenciária (que ocorre por falta de presídios), libera das penas com extrema facilidade o faltoso anti-social. Parte das lideranças religiosas, explorando o desespero de muitas familias de presidiários, incentiva as rebeliões e o afrouxamento da pena. O estado chega a distribuir “auxilio prisão” a estas famílias, ignorando por completo o abandono usual dos dependentes das vítimas. O resultado não poderia ser outro, o de uma sociedade desiludida de valores e méritos comportamentais, pronta a transgredir, encontrando justificativas em dialéticas de uma igualdade vazia, que trazem latentes sua própria desagregação como corpo ético e social.


domingo, novembro 26, 2006

 

Laptop underdog

Os "designs" do laptop de 100 dolares (isso mesmo, dolares) que serão distribuidos no Brasil são só conceituais. Tem verde, laranja e azulzinho. Tem um verdinho com uma manivela amarela. Computador brasileiro tem de ser a manivela?

A classe proletária finalmente vai ser feliz, com essas engenhocas no barraco. As pessoas da favela sairão à viela com um sorriso radiante sob o sol, pois são agora inclusos digitais. Nem o Alabama tem tanta benemerencia, e Mr. Nigroponte, na luta há tantas décadas, poderá telefonar ao seu irmão na CIA e dizer que agora, sim, temos um ouvido no verdadeiro terceiro mundo, mesmo que à manivela.

Se isso tivesse começado a 50 anos, a felicidade estaria numa sueca calculadora Facit, também à manivela? Daqui a 10 anos esse laptop também será rídiculo.Favela, manivela, verde amarela.Inclusão digital é ultima quimera vendida à boçalidade unânime, que acha que justiça social é simples distribuição de brinquedos e que o presidente tem de ser a imagem do Papai Noel. Lula está nesse rumo, só falta engordar mais um pouco, deixar o cavanhaque virar barba e usar suas camisetas vermelhas, gritando hô, hô, hô de dentro de seu jatão. Farta distribuição de brinquedos, diplomas, merendas, esmolas mensais, direitos trabalhistas e igualdades, sempre a mesma quimera da igualdade. Quem é igual? Onde existe a igualdade, se a natureza é a primeira a descriminar? Com a reserva de vagas na fabrica de diplomas, finalmente negros são iguais a brancos? Quem acredita nisso? E qual "igualdade" só impõe direitos e nenhum dever?

A babaquice brasileira não tem limites, apadrinhando e amadrinhando a massa bruta e primária, cevando-a e criando um bebezão mimado eternamente insatisfeito que ainda vai pendurar El Ogro no poste. E tudo com esses cacoetes nacionalistas imbecis, exigindo "soberania" e "desprivatização", para gerar deformidades hipertrofiadas como a absurda Petrobrás, que vende seu oleo diesel a quase dois reais o litro. A quem ela beneficia?

O outro monstro, o do Império Burocrático, alimenta essa estupidez em seu próprio beneficio, encarapitado nas infinitas regras da aduana, da tributação, da fiscalização, que não são dadas a conhecer a ninguém fora da irmandade, incluindo os patéticos eleitos do povo. Até quando estaremos condenados a alimentar esses monstros?

segunda-feira, outubro 23, 2006

 

Refoma Agrária? Qual?

Confesso que fico confuso quando analiso os dados da Reforma Agrária. Segundo dados do Incra de dezembro de 2004, os governos de FHC e de Lula desapropriaram um total de 36,4 milhões de hectares, que somados às outras desapropriações anteriores, levam a área destinada pelo Incra à Reforma Agrária a algo superior a 50 milhões de hectares. O Paraguai tem 45 milhões de hectares e área agricultada no país tem, também de acordo com o Incra, 61 milhões de hectares. Como diz nosso presidente, "ou seja", a área desapropriada pelo Incra para a reforma Agrária é maior que o Paraguai e tem 82% da área agrícola do país. Enquanto isso, os sem-terra continuam reclamando nas estradas. É hora do Incra apresentar um relatório detalhado sobre essa enormidade de terras, com um mapa nacional mostrando onde estão localizadas, mostrando também qual sua produtividade atual.

 

Visão de dentro do arrevezamento

O populismo é baseado no analfabetismo e assina com o dedão. Não foi por outro motivo que aprovaram, goela abaixo do bom senso, o voto do aleijado léxico. Na linha "revolucionária", também foi aprovado o voto aos 16 anos, embora a responsabilidade civil continue se iniciando sómente aos 18. Eis o porque de estar um absoluto iletrado exercendo a presidência.

Os "dirigentes" eleitos brasileiros morrem de vergonha nos seus passeios no estrangeiro quando algum gozador pergunta das manchetes de tablóides sobre trabalho escravo, floresta amazonica, questão "indígena" ouqualquer outro evento propositadamente exagerado por interessados na desmoralização de "ces pays la bas". O pior é que esses deslumbrados brazucas sempre caem como patinhos no truque, e no longo voo de volta emprenham idéias para uma nova leizinha ali, um tributo aqui, uma fiscalização com mídia anexa alá.Qualquer problema que tem dimensões zero vírgula vira um gigante na miopia estatal, gerando empregos (e propinas) que correm atrás do formal e ignoram o real. E o que é verdadeiramente importante, fica relegado.Exatamente como querem os aproveitadores dalém fronteiras.

Os USA no começo do século XX eram tratados da mesma forma pela pedanteria européia, que sempre escondeu suas mazelas cutucando as perebas do visitante. Precisou aparecer um Teddy Roosevelt para enfrentar o colonialismo europeu com um sorriso e um baita porrete(nada mais americano). Mas aqui se vê Lula e seu escudeiro Sergio Coimbra rastejando para a Argentina, para a Bolívia, implorando por atenção e reconhecimento. FHC ao menos era mais equipado léxicamente e intimidava-os em seu próprio dialeto.

Quando Europa e adjacências (incluindo a Argentina) se põem a celebrar a eleição de um semi analfabeto para a presidencia do Brasil, estão na verdade demonstrando sua satisfação por ter sua sanha predatória facilitada pela ignorancia. E festejam o ruidoso bando in itinere só para tirar mais vantagem. E por aqui o estado aproveitador e a corte abonada agradecem e continuam sua encenação, fazendo, isso sim, de escravo o tributado e escorchado brasileiro. É esse o verdadeiro trabalho escravo, pagar um amazonas de recursos a um estado perdulário e corrupto, a um olímpico judiciário e aos lobos em alcatéias de juros. Sem ver nada em troca.

 
A terrível violência que vem se abatendo sobre a sociedade brasileira recebe dos petistas uma singela explicação: é a reação natural da população contra 40(ou 500, conforme o explicador) anos de descaso do povo pelas "elites".

O fato real é que, nesses tais 40 anos o PC, o PT e similares grupos da esquerda neolítica dedicaram-se com a máxima intensidade de sua militância a demolir as instituições, as que chamaram "burguesas", fazendo piquetes, passeatas e quebra quebra, sabotando, chantageando, justificando e promovendo atos de invasão e vandalismo, inventando boatos e mentiras, transformando bandidos em heróis (como Lampião ou Marighela). Não é surpresa que todo esse esforço levou o próprio povo ao desprezo das normas mais elementares de conduta social.

Desde sua fundação, o PT, definitivamente o partido de esquerda que mais cresceu, graças a suas origens legitimamente proletárias, definiu-se contra uma pretensa "elite" e pela "democracia participativa", duas quimeras impossíveis. A demolição sistemática dos valores atribuídos a essas vagas "elites" esvaziou de valor referencial as instituições necessárias ao convívio em sociedade, com o povo se inspirando em ídolos-modelos de desajustamento (Pereios, Cazuzas,Cássias, a lista é enorme), a exigir o abrandamento punitivo, a liberação dos (maus) costumes, a frouxidão frente aos delitos.

A violência organizada agora põe em cheque toda a sociedade brasileira, urbana ou rural. E não faltam oportunistas, até do PFL, embarcando nessa mentira repetida, denunciando o descaso da "elite" nos ultimos40 ou 500 anos. Não faltam velhas raposas apontando o dedo para uma tal "classe dominante".Nesses anos, ouvi padre defendendo e incitando o roubo, que Deus perdoava se o meliante fosse pobre ou injustiçado. Assisti inúmeros seminários da esquerda com distribuição de manuais de invasão e pilhagem. O que os fundadores do PT, junto com Polops, APs e congêneres faziam na porta de fábrica foi sempre disseminar o ódio e o ressentimento, batizados com o cínico nome de "conscientização". O que as madrassas do MST ensinam nada mais é do que catecismo do ilícito baseado no ódio redirigido. Ainda hoje existem sites na Internet estimulando a delinqüência em nome de uma"luta" contra essa pretensa "classe dominante", debochando dos valores éticos de uma odiada"burguesia". E sem propor nada para os substituir.

Transformando o espaço social em espaço de "luta", o PT introduziu um pesado "vale-tudo" nas relações sociais, através da promoção obstinada de uma luta de classes, dentro de uma visão distorcida não só da democracia como do próprio socialismo. Infelizmente ambos sistemas éticos e políticos foram desmoralizados pela inconseqüência petista e sua ganância de chegar ao poder a qualquer preço. É preciso atentar para o fato de que a Democracia não é um sistema político horizontal, decidido apenas no momento eleitoral, e não há democracia sem o apreço pelos valores das minorias.

Enquanto oposição, com seus representantes eleitos no Congresso, o PT se especializou em manobras de obstrução, distorção de fatos e intenções, bloqueio de ações, mesmo as bem intencionadas, e descaso pelo decoro propriamente dito da instituição. Por fim, o PT conseguiu o governo, adentrando o populismo, sem mais nenhum respeito por coisa alguma,como ficou demonstrado nesses dois últimos anos, comprando votos e apoio. A desmoralização total finalmente foi atingida, e a politicalha tomou o lugar da moral. Agora que o circo pegou fogo, o que vão colocar no lugar? O totalitarismo? A "revolução cultural"maoísta fez 40 anos dias atrás, sem nenhuma celebração, porque claramente foi uma tentativa, comos mesmos métodos, de repôr valores numa sociedade dizimada pela díssidia interna, criada pela ação do próprio Mao. Só resultou em mais ódio e ressentimento.

Perdidos no tiroteio resultante, esses sociopatas com ideologia agora se safam culpando uma passada e pretensa "elite"? Agora que precisam das instituições para governar e sequer sendo capazes de enunciar uma, por ignorância, acusam uma sombra? De fato, não sobrou nada, nem mesmo o PT.

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